Qual a Melhor Cerveja de Abadia: Guia de Estilos

Mariana Rodrígues Rivera
Mariana Rodrígues Rivera
6 min. de leitura

Você busca a melhor cerveja de abadia, mas encontra rótulos confusos e termos como Trapista, Dubbel e Tripel. Este guia explica tudo o que você precisa saber para fazer uma escolha informada.

Vamos decifrar os selos de autenticidade, entender os diferentes estilos e descobrir os sabores complexos que definem a rica escola cervejeira belga. Ao final, você saberá exatamente qual cerveja de abadia se encaixa no seu paladar.

O que Define uma Cerveja de Abadia?

Uma Cerveja de Abadia, ou 'Abdijbier', refere-se a um estilo de cerveja com raízes históricas nos mosteiros da Bélgica. Diferente do que muitos pensam, o termo não garante que a cerveja foi feita por monges.

Na verdade, a maioria das cervejas de abadia hoje é produzida por cervejarias comerciais que possuem uma licença ou uma conexão histórica com uma abadia, seja ela ativa ou extinta.

A cervejaria utiliza o nome e, por vezes, as receitas originais da abadia para produzir a cerveja.

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Para garantir a autenticidade e proteger a herança cultural, a União das Cervejarias Belgas criou o selo 'Cerveja Belga de Abadia Reconhecida' (Erkend Belgisch Abdijbier). Este selo, presente no rótulo, certifica que existe um vínculo real com uma abadia e que uma parte dos lucros é destinada a obras de caridade ou à manutenção da abadia.

Procurar por este selo é a maneira mais segura de identificar uma cerveja de abadia legítima, diferenciando-a de produtos que apenas usam o termo como uma estratégia de marketing.

Análise das Melhores Cervejas de Abadia

Como não existe uma única 'melhor' cerveja de abadia, mas sim estilos que agradam a diferentes paladares, vamos analisar exemplos icônicos que representam a diversidade e a qualidade desta categoria.

Estes rótulos são referências importantes e ajudam a entender o que esperar de cada estilo.

A Leffe é talvez a cerveja de abadia mais conhecida mundialmente, sendo uma excelente porta de entrada para o estilo. A Leffe Blonde, por exemplo, é uma Belgian Blond Ale leve e frutada, com notas de baunilha e cravo.

Já a Leffe Brune é uma Dubbel clássica, com sabores de caramelo torrado e frutas secas. Ela é ideal para quem procura uma experiência autêntica de cerveja de abadia sem um custo elevado.

Sua ampla disponibilidade a torna uma escolha prática para explorar os sabores básicos da escola belga.

Para quem busca uma experiência mais complexa e refinada, a St. Bernardus Abt 12 é uma escolha definitiva. Frequentemente classificada entre as melhores cervejas do mundo, ela é uma Quadrupel robusta e sofisticada.

Seus aromas remetem a frutas escuras, como figo e ameixa, com toques de chocolate e especiarias. Originalmente produzida sob licença da abadia trapista de Westvleteren, a Abt 12 carrega uma herança de excelência.

Esta cerveja é perfeita para degustadores experientes ou para quem deseja uma bebida de contemplação, ideal para momentos especiais.

Trapista vs. Abadia: Entenda a Diferença Crucial

A confusão entre cervejas Trapistas e de Abadia é comum, mas a diferença é fundamental e protegida por lei. Ambos os estilos compartilham uma origem monástica, mas os critérios de produção e certificação são distintos.

Uma cerveja Trapista deve seguir regras extremamente rígidas para obter o selo 'Authentic Trappist Product'. As exigências são:

  • A cerveja precisa ser produzida dentro dos muros de um mosteiro trapista.
  • A produção deve ser realizada ou supervisionada diretamente pelos monges.
  • Os lucros obtidos com a venda devem ser usados para o sustento do mosteiro, com o excedente destinado a obras de caridade.

Existem poucas cervejarias trapistas no mundo, como Chimay, Rochefort, Orval e Westmalle. Elas representam um nicho de altíssima qualidade. Já a Cerveja de Abadia, como vimos, é uma categoria mais ampla.

Ela se refere a uma cerveja com ligação a uma abadia, mas produzida por uma cervejaria comercial. Embora muitas sejam excelentes, as regras são mais flexíveis, e a produção não ocorre necessariamente dentro de um mosteiro.

Dubbel, Tripel ou Quadrupel: Qual Estilo Escolher?

As cervejas de abadia são frequentemente categorizadas nos estilos Dubbel, Tripel e Quadrupel. Cada um oferece uma experiência sensorial única, variando em cor, teor alcoólico e perfil de sabor.

Entender essas diferenças ajuda você a escolher a cerveja ideal para cada ocasião.

  • Dubbel: Este estilo é caracterizado por sua cor escura, que varia do âmbar ao marrom. Apresenta um sabor predominantemente maltado, com notas de caramelo, toffee e frutas escuras como passas e ameixas. Seu teor alcoólico fica entre 6% e 7.5%. A Dubbel é a escolha perfeita para quem está começando a explorar a escola cervejeira belga, pois oferece complexidade sem ser excessivamente alcoólica.
  • Tripel: De coloração dourada e brilhante, a Tripel é uma cerveja forte, complexa e com alta carbonatação. Seus aromas são frutados (banana, pera) e condimentados (cravo, pimenta), resultantes da levedura belga. O teor alcoólico é elevado, geralmente entre 7.5% e 9.5%. É ideal para quem aprecia cervejas aromáticas, efervescentes e com um final seco e levemente amargo.
  • Quadrupel (ou Abt): Considerada o ápice da complexidade, a Quadrupel é a mais forte e robusta dos três estilos. Sua cor é escura e profunda, e os sabores remetem a frutas secas, melaço, chocolate amargo e um calor alcoólico bem inserido. Com teor alcoólico acima de 10%, é uma cerveja para ser degustada lentamente, como um bom vinho. É a escolha para apreciadores experientes e para momentos de degustação.

Harmonização: O que Comer com Cerveja de Abadia?

A complexidade das cervejas de abadia as torna excelentes companheiras para a gastronomia. A harmonização correta pode elevar tanto a bebida quanto o prato, criando uma experiência completa.

A regra geral é combinar a intensidade: cervejas mais leves com pratos mais leves, e cervejas mais fortes com pratos mais robustos.

Para uma Dubbel, com suas notas de caramelo e frutas secas, a combinação ideal inclui carnes vermelhas grelhadas ou assadas, como um filé mignon ao molho madeira. Queijos de média maturação, como Gouda ou um Cheddar suave, também complementam seu perfil maltado.

Guisados e pratos com molhos adocicados funcionam muito bem.

A Tripel, com sua alta carbonatação e notas frutadas e condimentadas, é versátil. Ela corta a gordura de carnes de porco e aves, como um frango assado com ervas. Também harmoniza perfeitamente com peixes mais gordurosos, como salmão, e com queijos de mofo branco, como Brie e Camembert, cuja cremosidade é equilibrada pela efervescência da cerveja.

Já a Quadrupel exige pratos de igual intensidade. É a parceira perfeita para carnes de caça, como javali ou cordeiro, e para pratos de cozimento longo, como o ragu. No campo dos queijos, ela brilha ao lado de queijos azuis, como Gorgonzola e Roquefort.

Para a sobremesa, experimente com um brownie de chocolate amargo ou um petit gateau para uma finalização memorável.

Perguntas Frequentes

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